segunda-feira, 23 de agosto de 2010

The unbearable lightness of being...

Hoje eu vou escrever um dos textos mais tristes da minha vida. Alguém que eu há muito não via, tornou perpétua a distância física entre nós; partiu pra um lugar onde tristemente ninguém daqui pode alcançar... foi pro lugar onde o tempo não é referência de nada e os sonhos não acabam nunca. Que pena!
Fazia muito que eu não falava ele. A distância é um bicho muito traiçoeiro, porque te faz preso na lembrança. Erroneamente, na nossa cabeça o tempo não corre, mas sim, ele corre, as pessoas mudam e o que fica pra trás foi só uma sombra dos bons tempos onde aquelas pessoas habitavam felizes num momento pra sempre duradouro na cabeça de quem o viveu. É triste pensar agora em todas as vezes que a gente podia ter se falado, ter se encontrado, ter compartilhado, e o solavanco da vida nos deixou imune ao medo de se perder... e a gente se perdeu amigo, que triste isso.
Quando fiquei sabendo, a primeira coisa que pensei foi em te dizer tudo isso: que na minha cabeça a lembrança boa é a que permaneceu, que as nossas histórias vão ser pra sempre contadas, que mesmo com tantos anos entre nós, o carinho não diminuiu e o que ficou eterno sempre o será... não há do que se lamentar senão o peso da sua ausência.
Não te julgo em momento algum, quando esse já foi muitas vezes um desejo meu. Fico triste apenas de que contigo ele tenha se concretizado. Mais triste de não você ter tido a chance de como eu enxergar que talvez houvesse uma outra saída, mesmo que fosse difícil, muito difícil enxergá-la. Parafraseando um filme, a maioria das pessoas apenas notam as horas passando, mas somente alguns a sentem, sentem o peso que elas carregam, a agonia sufocante daquilo que martela insistentemente te lembrando que aquele "estranho" vai ficar contigo no cômodo vazio... "always the hours"!

"Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar..."

Eu sempre vou sentir muito essa sua decisão de partir da vida, mas espero de todo coração que a sua alma encontre paz pro destino que ela escolheu.
Vá em paz meu amigo.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

"E se...."

Existem coisas boas e existem coisas ruins. Essa é a premissa da existência humana. Mas ninguém disse que no meio diso tudo ocorreriam filhadaputagem, o destino, a lei de Murphy, a cascata de merda, NINGUÉM! Existem coisas ruins que acontecem que a gente tem vontade de gritar, bater, se esguelar, matar, esfolar quem fez aquilo com a gente de tanto que dói. Mas existem as piores coisas, aquelas que acontecem porque nosso amigo destino simplesmente acordou mal comido e decidiu fazer não dar certo. E por quê diabos ele quis assim? Se era certo, se parecia legal, se a oportunidade certa, se tudo tinha acontecido em prol disso, enfim... ele simplesmente não quis. Simples assim!
É isso que me chateia, porque numa situação dessa nunca se pode culpar alguém. O destino? Não dá pra culpar algo abstrato, mesmo que se queira muito socá-lo por ter te feito ter esperança de algo e te derrubado em dois lances.
Cansei desse quase que a minha vida é as vezes. QUASE conseguir aquilo que eu quero; de ter esperança ( e Deus sabe que eu quase nunca me permito isso) e depois dar merda. Muitas coisas boas acontecem nesse meio tempo, eu não sou ingrato, mas a sensação que eu tenho às vezes é que pra cada coisa muito boa que acontece comigo, duas muito ruins estão ali rondando.
Enfim, esse post não foi nada poético. E não era pra ser mesmo. Aliás, esse blog não tem por objetivo agradar nem desagradar ninguém, acho que quem lê eventualmente o que eu escrevo aqui sabe disso.
Viver é uma viagem, mesmo pra quem pensa (como eu) que está parado no mesmo lugar a vida toda vendo os lugares passarem por mim.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

5 minutos aqui dentro...

De repente. Assim de repente, vem aquele vazio e aquela vontade de não mais se pertencer. São esses instantes, quando aquea música da seleção aleatória começa a tocar que a gente se sente a última pessoa viva da terra. A letra da música, a melodia são tão lindas e tão tristes, que a melancolia da situação vira aos poucos seu melhor amigo, ou melhor dizendo a única coisa com a qual você pode contar naquele momento. E é assim, nesse instante que você vira a pessoa mais solitária do planeta, sentado na frente do computador, pensando em tudo que foi, tudo que poderia ser feito, tudo que não vai ser um dia. Não to falando de amor, to falando de viver.
Viver é uma coisa tão grande quando se diz, mas a cada dia eu vejo que viver não é assim uma coisa tão ampla. A gente cria certos conceitos conforme vai crescendo, e até mesmo crescer é um conceito errado. Quanto mais eu cresço, mais eu vejo que estou entrando dentro de uma bolha enorme na qual eu estou sempre buscando somente fazer parte, somente pertencer. Mas pertencer a quem, a que, a que lugar?
No momento sabe o que eu mais queria de verdade? Poder sentar um dia que fosse aqui sem me sentir um completo idiota por alguma coisa que eu fiz. Ou poder me sentir parte de mim (não dos outros) por 5 minutos. Queria não sentir o vazio que é existir, quando tudo que eu mais queria era apenas...bah, deixa pra lá!

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Overtired

Neste exato momento eu estou profundamente influenciado pelas 8 horas totais de sono que eu dormi nesses 3 dias, pela correria e stress das últimas semanas de prova, mas nada, e repito NADA, me influencia a escrever mais do que esse ligeiro aperto que eu sinto aqui. Na maioria dos dias ele fica silencioso, é como um inquilino estranho sentado na sala da sua casa. Te incomoda, você sabe que ele não vai embora, e ele insiste e ter o controle remoto sob o controle dele, ou seja, todo o entretenimento da sua vida está sob a tutela de outrem (entenderam a analogia?).
Na verdade eu acho que meu cansaço não é só físico, ele extrapola esse mecanismo biológico. Cansaço físico você cura com uma noite bem dormida, com pessoas que você ama do lado, com prazer de não fazer absolutamente nada até. Cansaço da alma, esse sim, nem com mil noites bem dormidas é capaz de te fazer levantar bem da cama. A vontade é de ficar ali quieto e encolhido embaixo do seu cobertor, com as mãos nos ouvidos, implorando pra alguém resolver a bagunça que a sua vida e o seu coração está, mas acredite, NINGUÉM sabe sequer que você está cansado.
Estou profundamente cansado de às vezes parecer uma terrível farsa. De viver aquilo que as pessoas esperam de mim, sob as expectativas delas, os desejos delas, as vontades delas..e ah! Mas, quando a gente vive sob um papel muito tempo, a gente esquece de quem a gente é de verdade, e é aí que mora o problema. Eu me sinto como alguém numa rua que lhe parece familiar, mas que eu não reconheço nada. Como se fosse um dejavu sabe? Mais ou menos isso...
Estou cansado de ter sonhos e de ver eles escorrendo pelas minhas mãos devagar. De ter sempre a sensação de que "vai dar merda" e ficar a todo momento esperando ela acontecer. Que pessimismo horrível. Mas desculpa, é assim que eu funciono, e quase sempre (eu disse QUASE) eu estou certo. Cansado de sonhar em ser algo que eu no fundo sei que eu nunca vou ser.
Estou cansado de comprar essa idéia de perfeição. De esperar o melhor da vida sem saber sequer o que é esse melhor. De ter planos traçados com objetivos tão...tão..."não-eu" sabe?
Cansado de me sentir sozinho a maioria do tempo. Aqueles me amam e que eu amo, não se sintam menosprezados por essa frase, vocês fazem parte da minha dose de alegria diária, mas minha solidão é minha, é íntima, é de casa. Ela não se explica, ela se aplica, e tão somente existe por que eu sei que ela já morava aqui e era parte minha antes mesmo de eu existir.

Quer saber, neste exato instante meu cansaço é tanto, que eu cansei até de escrever sobre essas coisas que passam por aqui de tempos em tempos. Acordei.

domingo, 20 de junho de 2010

I know that's out there...

Já sentiu aquela vontade imensa de ter alguém pra te abraçar, certo? Aquela pessoa com a qual tu pode ser ridículo, que o ridículo na verdade vai se tornar mais uma coisa legal que a pessoa vai admirar em ti (e vice-versa). Ou ainda aqueles 5 segundos em que o tempo em volta pára, quando vocês dois se olham e sem dizer absolutamente nada, o outro sabe exatamente o que a outra pessoa disse. O coração da gente simplesmente pára junto com a atmosfera em volta. E o que é isso afinal?
Isso que eu estou fazendo agora eu sei o que é. É carência. É a vontade triplicada de que tudo isso aconteça num espaço de tempo minúsculo. Coisa que obviamente (e isso todo mundo sabe que funciona dessa maneira), não vai acontecer só por que eu quero. Mas que droga não! Podia não ser assim tão complicado. Na verdade podia ser solúvel. O fato de ser complicado não é o pior, na verdade se não fosse complicado não teria o desafio, não teria a falta de apetite ou a ansiedade esperando a mensagem no celular, não teria o coração palpitando quando começa tocar a musica, alias, AQUELA música. Tudo perderia a cor, e não seriam então as "borboletas no estômago" assim tão.. tão.. inexplicáveis como são de fato. Engraçado é que eu não procuro minha alma gêmea, eu queria só alguém legal mesmo, alguém que me entendesse e me escutasse de vez em quando. Alguém especial. Aliás falando em almas gêmeas, lendo um livro há pouco tempo atrás, passei por um fragmento muito interessante que dizia o seguinte:

"[Ele / Ela] foi provavelmente a sua alma gêmea. Seu problema é que você não entende o que essa palavra significa. As pessoas pensam que uma alma gêmea é o encaixe perfeito, e é isso que todos desejam. Mas uma verdadeira alma gêmea é um espelho, a pessoa que mostra tudo o que está prendendo você, a pessoa que lhe traz a sua própria atenção para que você possa mudar sua vida. Uma verdadeira alma gêmea é provavelmente a pessoa mais importante que você já conheceu, por derrubar seus muros e te deixar atordoado. Mas, dá para viver com uma alma gêmea para sempre? Não. Muito doloroso.
Almas gêmeas. Eles entram na sua vida apenas para revelar uma outra camada de você mesmo para você se veja, e então eles saem. E graças a Deus por isso. Seu problema é que você simplesmente não pode deixá-lo partir. O propósito dele era te pôr para cima, te expulsar de um casamento que você precisava para sair, destruir um pouco o seu ego, te mostrar os seus obstáculos e vícios, despedaçar seu coração para que alguma luz entre nele denovo, te tornar tão desesperado e fora de controle que você tem que transformar sua vida. Essa foi a missão [dele/dela] e foi ótimo, mas agora acabou."

Foda né? E acredite, minha gravidade sempre me atrai exatamente pra esse tipo de pessoa. O que de errado há comigo afinal de contas?

terça-feira, 9 de março de 2010

Faz Tempo...

Faz tempo que não escrevo aqui. Aliás, faz tempo que não faço muitas, muitas coisas que eu deveria estar fazendo. Uma delas é cuidar de mim mesmo. Sim, a gente precisa ás vezes olhar um pouco pra si e ver o que está rolando, como uma criança tentanto enxergar no meio de pernas de quilômetros de altura a cena por trás do alvoroço. E sim, minha vida está um alvoroço!
Sabe quando a gente de repente pára o tempo na nossa frente? Experimenta um segundo, imaginar que tudo está parado por 1 minuto na sua vida. Imaginou? Agora observe. O que você sente quando olha pra sua vida amorosa? O que você sente quando olha pros teus amigos ali sentados, rindo, imortalizados como uma fotografia? o que você sente olhando os seus afazeres? O seu humor indelével? O que você sente quando te vê ali no na cadeira, sentado, lendo um pedaço de papel rabiscado, como se fosse um texto de Dostoiévski, quando na verdade é um panfleto falando da promoção de alguma loja (vendendo alguma coisa da qual você provavelmente precise, ou ache que precise, enfim...), ou melhor, você está mesmo prestando atenção nesse papel que está lendo? É aquele segundo, aquele segundo em que seu mundo pára que é o que você está sentindo. Já se pegou nessa? Olhando pra TV sem prestar atenção em uma só palavra do que estão falando? Ou ouvindo um amigo gesticular por horas e ser capaz de perguntar um segundo depois "O quê? Desculpa, eu não estava prestando atenção?"
Se eu pudesse faria um catálogo de cada pensamento meu que ocorre nestes instantes, pois são eles que me definem, ou pelos menos me desmascaram. Me peguei assim várias vezes no início desse ano. É difícil lidar com a expectativa do próximo em relação a sua pessoa, especialmente quando internamente a sua auto-estima está tão depletada que ela soa superestimada. Mas agora eu cansei um pouco. Estou bravo comigo mesmo. Que diabos eu tenho que fazer as coisas pra impressionar outras? Ora, quem sabe eu queira mesmo ficar jogado no sofá vendo filme num sabado à noite, qual o problema? E talvez eu esteja infeliz numa situação em que todo mundo acha que eu deveria estar pulando de alegria. Não se trata aqui de saber o que eu sinto, e sim de saber o que eu quero? E, o que eu quero?

Quero viajar, quero ler 200 livros em um ano, quero tomar chuva quando estiver gripado, quero conhecer pessoas que falam árabe, quero tomar café e quero tomar chá de camomila...sei lá o que eu quero. Eu quero tudo e não quero nada! Essa que é a verdade...Entendeu o alvoroço? Pois é, eu sei que sim. No fundo eu, você, eles, todo mundo está no mesmo dilema. Mas olha, lendo um livro, do qual certamente eu vou postar algo depois pra eu ler daqui há um ano e rir, me veio um trecho interessantíssmo de um outro livro da Virginia woolf:

"Sob o imenso continente da vida de uma mulher (eu não sou mulher, mas e daí?), recai a sombra deuma espada. De um lado dessa espada, estão a convenção, a tradição e a ordem, onde tudo é correto. Mas do outro lado dessa espada,se você for maluco o suficiente para atravessar a sombra e escolher o lado de lá, tudo é confusão!"

Então acho que eu to do lado certo, só falta mapeá-lo. Join me?