terça-feira, 9 de março de 2010

Faz Tempo...

Faz tempo que não escrevo aqui. Aliás, faz tempo que não faço muitas, muitas coisas que eu deveria estar fazendo. Uma delas é cuidar de mim mesmo. Sim, a gente precisa ás vezes olhar um pouco pra si e ver o que está rolando, como uma criança tentanto enxergar no meio de pernas de quilômetros de altura a cena por trás do alvoroço. E sim, minha vida está um alvoroço!
Sabe quando a gente de repente pára o tempo na nossa frente? Experimenta um segundo, imaginar que tudo está parado por 1 minuto na sua vida. Imaginou? Agora observe. O que você sente quando olha pra sua vida amorosa? O que você sente quando olha pros teus amigos ali sentados, rindo, imortalizados como uma fotografia? o que você sente olhando os seus afazeres? O seu humor indelével? O que você sente quando te vê ali no na cadeira, sentado, lendo um pedaço de papel rabiscado, como se fosse um texto de Dostoiévski, quando na verdade é um panfleto falando da promoção de alguma loja (vendendo alguma coisa da qual você provavelmente precise, ou ache que precise, enfim...), ou melhor, você está mesmo prestando atenção nesse papel que está lendo? É aquele segundo, aquele segundo em que seu mundo pára que é o que você está sentindo. Já se pegou nessa? Olhando pra TV sem prestar atenção em uma só palavra do que estão falando? Ou ouvindo um amigo gesticular por horas e ser capaz de perguntar um segundo depois "O quê? Desculpa, eu não estava prestando atenção?"
Se eu pudesse faria um catálogo de cada pensamento meu que ocorre nestes instantes, pois são eles que me definem, ou pelos menos me desmascaram. Me peguei assim várias vezes no início desse ano. É difícil lidar com a expectativa do próximo em relação a sua pessoa, especialmente quando internamente a sua auto-estima está tão depletada que ela soa superestimada. Mas agora eu cansei um pouco. Estou bravo comigo mesmo. Que diabos eu tenho que fazer as coisas pra impressionar outras? Ora, quem sabe eu queira mesmo ficar jogado no sofá vendo filme num sabado à noite, qual o problema? E talvez eu esteja infeliz numa situação em que todo mundo acha que eu deveria estar pulando de alegria. Não se trata aqui de saber o que eu sinto, e sim de saber o que eu quero? E, o que eu quero?

Quero viajar, quero ler 200 livros em um ano, quero tomar chuva quando estiver gripado, quero conhecer pessoas que falam árabe, quero tomar café e quero tomar chá de camomila...sei lá o que eu quero. Eu quero tudo e não quero nada! Essa que é a verdade...Entendeu o alvoroço? Pois é, eu sei que sim. No fundo eu, você, eles, todo mundo está no mesmo dilema. Mas olha, lendo um livro, do qual certamente eu vou postar algo depois pra eu ler daqui há um ano e rir, me veio um trecho interessantíssmo de um outro livro da Virginia woolf:

"Sob o imenso continente da vida de uma mulher (eu não sou mulher, mas e daí?), recai a sombra deuma espada. De um lado dessa espada, estão a convenção, a tradição e a ordem, onde tudo é correto. Mas do outro lado dessa espada,se você for maluco o suficiente para atravessar a sombra e escolher o lado de lá, tudo é confusão!"

Então acho que eu to do lado certo, só falta mapeá-lo. Join me?